julho 09, 2009

Cora Coralina [tenho respeito e uma consideração muito grande por essa mulher]



Se temos de esperar,
que seja para colher a semente boa
que lançamos hoje no solo da vida.
Se for para semear,
então que seja para produzir
milhões de sorrisos,
de solidariedade e amizade.

texto Cora Coralina

imagem revista boemia

junho 12, 2009

Algumas frases de Drummond [que adoro]

Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.


Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado.


Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir



Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.


(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

Meishu-Sama











“Quem deseja ser feliz, deve primeiramente tornar feliz seu semelhante pois a Divina recompensa que disto provém, será a Verdadeira Felicidade”.
Por isso, precisamos ser instrumentos de Deus – que deseja tornar o homem feliz.
Assim, tornar-nos-emos verdadeiros espiritualistas e altruístas.
(Meishu-Sama)

junho 09, 2009

Mikail Naaimé



Sentei-me sob uma macieira em flor. Aspergiu-me com seu perfume. Fez chover sobre mim suas flores. Entretanto, não me lembro de tê-la algum dia regado com uma gota de água sequer, nem lhe ter jamais trazido um punhado de adubo.

(Mikail Naaimé)

Diferença

"Se você apanha um cachorro faminto e o alimenta ele não o morderá; esta é a principal diferença entre um cachorro e um homem. - Mark Twain "

Coisas

tem coisas que acontecem que fogem do controle e de nossa manipulação consciente e inconsciente

nos assustam tanto, nos fazem querer desaparecer...

mas a gente não vira fumaça

tem coisas que nos fazem repensar na vida, ver a dona morte mais de perto

encará-la com a foice comprida

tem tanta coisa ainda que a gente não sabe, que eu não sei, e no entanto acho que sei já demais

a miséria humana me atrapalha

a dor de qualquer espécie me agita

tem dias que eu queria tirar a opressão do povo

passar o dedo numa face amiga e fazer crer que tudo acaba

tanto de lágrima, quanto de sorriso

não sei se é consolo, mas tudo que passamos hoje, amanhã estará menor

qualquer coisa fica pequena depois de um tempo

a dor se esvai, a alegria fica numa rosa dentro de um livro...

a risada de um amor antigo se dilui e vara madrugadas...

a face de um amigo distante que partiu resta nas fotografias frias numa caixa, que um dia também... quem sabe... será esquecida...

a vida muda constantemente, a dor se iguala a uma picada de inseto, mas o estrago pode ser enorme

a única atitude que vale sempre é continuar a andar e seguir em frente

mesmo que a ‘pedra’ seja gigante a primeira vista

o amor jamais será sombrio

a lua sempre existirá

e o sol nunca deixará de dizer ‘viva’



by Solange Mazzeto

Sonhei, confuso, e o sono foi disperso

Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando dispertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são

Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.

Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.

Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida.



Fernando Pessoa, 28-9-1933

Nietzsche

"É necessário saber dissimular com as pessoas que têm vergonha de seus sentimentos; concebem um ódio repentino pela pessoa que as apanha em flagrante delito de ternura, de entusiasmo ou de nobreza como se seu santuário secreto tivesse sido violado"

Um artista








"Um artista não consegue fracassar; é um sucesso ser um."

by Charles Horton Cooley, Life and the Student

imagem By Solange Mazzeto [peça: Conversando a gente se entende]

LAGARTA



este é o princípio, uma enorme borboleta papilio machaon esvoaça à volta
da arruda, e, se esta lhe merecer confiança, põe vários ovos espalhados
pelas verdes folhas. o ovo tem o tamanho de uma cabeça de alfinete.



do site http://naturaii.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_02.html

GANDHI



O silêncio já se tornou para mim uma necessidade física espiritual. Inicialmente escolhi-o para aliviar-me da depressão. A seguir precisei de tempo para escrever. Após havê-lo praticado por certo tempo descobri, todavia, seu valor espiritual. E de repente dei conta de que eram esses momentos em que melhor podia comunicar-me com Deus. Agora sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio

TEXTO: Gandhi

imagem by Sole Mazzeto

QUE É [A VIDA]

É mar, é prosa

(é um poema cantado)

É balanço na rede

(no vai e vem)

É conversa com pipoca

(e refrigerante, ou suco, escolhe...)

É um teclar na Internet

(tec, tec, tec)

É confete colorido

(de chocolate, hummm)



A vida

É construir sonhos

E vê-los (desmoronar)

(e outros se aprumar)



É rir de bobagens

É tirar o pó dos quadros

(ás vezes)



É se confundir

É cheirar o chão

É ser agradável

(e desagradável...)



É conquistar

(amigos, filhos...)

É compartilhar uma estória

Ouvir uma opinião

Atuar no mundo



É viver um sonho

É tomar água

E mergulhar

...



texto by Sole Mazzeto

SUSPIROS

Segredos suspiros

Roucos

Não quero seu silêncio

Não quero ser tormento

Quero você nu

Em cama de dossel

E eu

Dama da noite

Cheirando pão e mel



Frescos suspiros

Pedem meu corpo

Em chamas


Deito

Em braços azuis

Das estrelas cadentes

Fecho os olhos

Contente



Escolho a dedo

Quem eu quero em meu sumiço

Escolho na retina líquida


Quem eu quero em meu sino


Escolho na alma

Quem eu quero mordiscar

Escolho na calma

Quem eu quero amar

...



by Solange Mazzeto

PIPOCAS & PÍRUAS



Somos todos piruás...



Piruá é um milho que não virou pipoca...



Vamos ver, pipoca é algo macio, branco e gostoso de comer...



Piruá é algo duro, que é impossível mastigar, embora que tenha alguns que fazendo uma forcinha à gente o estoura, e tem um sabor de pipoca queimadinha (lá no fundo), que é até bom...



Mas, o melhor mesmo é colocar a pipoca na boca, tenra e macia!



Então pensei que existem pessoas que viram pipocas e outras que jamais serão pipocas e continuaram sendo piruás, algumas outras a gente pode até apertar pra ver se sai uma coisa boa de dentro, mas mesmo dando um jeitinho, uma "maquiada", ela não virará pipoca de jeito nenhum.



Por que será?



É tão bom ser pipoca, é tão complicado ser piruá...

Pipoca se aquece, estoura, briga com o fogo se mistura com o óleo, se envolve na manteiga, se derrete, e desvanece, mas se larga pra transformação e explode sim, mas se permite virar uma linda pipoca, grande, crocante que se permite misturar com outras pipocas e ir dançar...



O piruá, também briga com o fogo, mas não se mistura com o óleo, e não se deixa seduzir pela manteiga, e se mantém inflexível nos seus pensamentos, irredutível na sua transformação e ainda acha a linda pipoca uma feia, idiota que só quer se mostrar com aquela "roupinha". E então não se mistura com as outras, fica ali na panela, no fundão, na sujeirinha que o fogo fez, durona, ela não se permite estourar, acha que é antiestético e ainda por cima se acha absoluta...



Acho que todo dia vou treinar pra ser pipoca, pular pelo fogo, se jogar na manteiga, patinar no óleo, mas ter a coragem de se transformar numa linda pipocona!



Texto Solange Mazzeto
imagem: desconheço a autoria da imagem

junho 08, 2009

Olhar [teu] prazer



teu olhar melhora o meu
balança meu raciocínio
me incita a...

teu olhar
me presenteia
que nem teia

teu olhar me ajuda
a valorizar o agora
me garante sol

teu olhar
é meu prazer
maior

de uma vida
[quase] inteira


desconheço a autoria da imagem

texto by Solange Mazzeto

junho 03, 2009

Santa Teresa d’Ávila [nasceu no mesmo dia que eu, que alegria saber disso]

Ela nasceu no dia 28 de março de 1515 e foi batizada Tereza de Cepeda Y Ahumada ,em Avila, Castilha, Espanha. Ela era filha de Alonso Sanchez de Cepeda e Beatrice Davila y Ahumada. Tereza foi educada pelas irmãs Agostinianas até 1532 quando ela voltou para casa por causa de sua saúde. Quatro anos mais tarde ela entrou para o Convento das Carmelitas Descalças, em Ávila, um estabelecimento que era negligente com relação pobreza e a clausura. Ela voltou de novo para casa em 1536 por dois anos devido a sua saúde. De 1555 a 1556 ela teve visões e ouviu vozes. No não seguinte São Pedro de Alcântara passou a ser o seu diretor espiritual e ajudou-a sobremaneira em seu apostolado religioso. Desejosa de ser uma freira que obedecesse rigidamente as regra das Carmelitas, Santa Tereza fundou em 1567 o convento de São José em Ávila onde ela foi seguida por outras irmãs que desejavam uma vida mais rígida. Em 1568 ela recebeu permissão do Pior Geral da Ordem das Carmelitas para continuar no seu trabalho e ela fundou 16 outros conventos ,recebendo o apelido e "a freira ambulante " devido as suas freqüentes viagens. Tereza se encontrou com São João da Cruz outro Carmelita buscando a reforma, em Medino del Campo, local do seu segundo convento. Ela fundou ainda um monastério para homens em Duruelo em 1568 , mas passou a responsabilidade dirigir e reformar ou fundar outros novos monastérios para São João da Cruz.
A oposição se desenvolveu entre as Carmelitas (calçadas)e membros da Ordem original e o Consilho de Piacenza em 1575 restringiu muito as suas atividades. A rixa continuou até que o Papa Gregório XIII (1572-1585) a pedido do Rei Felipe II, da Espanha, reconheceu as Reformadas Carmelitas Descalças como uma província separada da Ordem das Carmelitas originais. Nesta altura a maturidade espiritual de Santa Tereza era evidente e os seu livros e cartas foram sendo conhecidos e passaram a se tornar clássicos da literatura espiritual e logo incluíram sua autobiografia chamada "O caminho da Perfeição" e o seu livro "Castelo Interior" como clássicos da teologia espiritual. Santa Tereza foi reverenciada como uma grande mística, tendo notável senso de humor e bom senso, combinando uma deslumbrante atividade, com uma mística contemplação. Ela morreu no dia 4 de outubro de 1582 (14 de outubro pelo calendário Gregoriano que entrou em efeito no dia seguinte a sua morte, e avançou o calendário por 10 dias).Ela foi canonizada em 1622 pelo Papa Gregório XV e foi declarada Doutora da Igreja em 1970 pelo Papa Paulo VI.

A sua festa é celebrada no dia 15 de outubro.



retirado do site
http://www.cademeusanto.com.br/santa_teresa_d.htm

Nada te turbe



Vidraria do Convento de Santa Teresa - retirado de Wikipedia



Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa,
Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem
Nada lhe falta:
Só Deus basta.

Eleva o pensamento,
Ao céu sobe,
Por nada te angusties,
Nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue
Com peito grande,
E, venha o que vier,
Nada te espante.
Vês a glória do mundo?
É glória vã;
Nada tem de estável,
Tudo passa.
Aspira às coisas celestes,
Que sempre duram;
Fiel e rico em promessas,
Deus não muda.

Ama-O como merece,
Bondade imensa;
Mas não há amor fino
Sem a paciência.
Confiança e fé viva
Mantenha a alma,
Que quem crê e espera
Tudo alcança.
Do inferno acossado
Muito embora se veja,
Burlará os seus furores
Quem a Deus tem.
Advenham-lhe desamparos,
Cruzes, desgraças;
Sendo Deus o seu tesouro,
Nada lhe falta.

Ide, pois, bens do mundo,
Ide, ditas vãs;
Ainda que tudo perca,
Só Deus basta.

(Santa Teresa d'Ávila]

junho 02, 2009

Por que?

Por que?

queremos 'por ques'
de todo tom
de qualquer maneira

vamos na cartomancia
na borra de café
na leitura das folhas de chá

tomamos chá da cinco, as vinte horas da noite
comemos bolacha do pacote
cochilamos em frente a Televisão

mas, queremos 'porques'

quem se importa com as runas?
o anjo do dia?
o leite que derramou?

quando se quer uma soma de 'porques'

uma pessoa age com tal propriedade
em cima de sentimentos
que foram expostos à ela

e então, a gente não sabe
porque esse humano, sumiu

a gente não entende
porque de repente ele se desmaterializou

e vem porque de todo lado
a cabeça gira, as crenças giram

tudo atordoa

e ficamos qual folhas no furacão do mundo


texto Solange Mazzeto

maio 28, 2009

Sempre? Sempre



Sempre? Sempre

sempre quis uma cabana, o mar,
passarinhos ao redor
borboletas amarelas pra olhar

sempre quis um amor de verdade
daqueles que não escondem nada
e falam tudo

sempre quis uma mão que pousasse
além do meu seio
que sentisse além do anseio

sempre quis uma voz que me acalmasse
e me abrasasse
que me despisse e me cobrisse

sempre pedi a Vida
isso tudo
para sempre

mas na realidade
[que muitas vezes é tão dura]
o sempre, é só uma ilusão
...


Solange Mazzeto [texto]desconheço a autoria da imagem

maio 23, 2009

Zé Rodrix







Ontem o dia foi cinzento, estranho, com um ar de 'mofo', Zé Rodrix, se foi, partiu pra ficar junto com as grandes feras da música. Meu contanto com ele, foi de um ano e pouco, nas noites de um Clube chamado Caiubi, aqui de Sampa.

Mas, o pouco que convivi com esse artista, foi bem legal, ele é um cara genial, bem humorado, com um sorriso infantil, de criança levada.

Seu jeito de cantar, de tocar no teclado, de fazer graça era único.

Mas, enfim chegou o dia dele ir.

Sabemos que pessoas como ele, ficam eternizados, e ele agora é uma estrela que brilha no céu!

Aqui coloco umas fotos que tirei dele nesse decorrer de tempo que o via nas noites paulistanas, com os shows que fazia e que eu acompanhei!

Zé, vá bem querido pra nova etapa que o aguarda. Aqui fico na certeza de que sua alegria, brotará cada vez mais nos corações dos homens.

Solange Mazzeto [texto e fotos]

maio 21, 2009

Inferno [pessoal]



um dia atrás do outro, um passo diante do outro, e a vida vai florindo [mesmo que seja inverno, ou inferno]

temos a mania de tudo ‘pra ontem’, temos exagero no drama [pessoal]
quantas vezes, conseguimos acalmar um parceiro [a], um amigo [a] e quando precisamos dessa mesma energia para conosco, nos diluímos em lágrimas, ou em expressões chulas?
inquietante a pergunta não é?
se observarmos ‘as coisas’ não andam conforme queremos que andem
tudo tem um tempo pra ocorrer, um mistério pra acontecer, e no entanto tudo chega a ser tão simples, que fazemos confusão.

nossa alma, nossa expressão de dentro, não é a cabeça, não é o coração, não é a visão distorcida que fazemos dos fatos, nossa alma, é nobre, é linda, é pura

nossa alma captou informações preciosas para usarmos o tempo todo, e sermos felizes, mas vimos e fazemos tragédias, ‘curtimos’ dor, porque pensamos com a mente exacerbada de percepções de fora.

tanto escutamos, ‘sintam sua essência, busquem o divino em vocês’, não é?
e a gente faz isso? a gente pensa no bem quando tudo tá um caos? às vezes né, às vezes, temos essa lucidez, mas ela chega a ser momentânea, e fugaz.
somos eternos, cada qual com sua crença, mas somos eternos, isso é um fato inegável, cada vez que um cientista não consegue descobrir ‘doença’ física no ser humano, percebemos que temos alma, espírito dentro desse corpo, que adoece, por questões de cansaço, de letargia, de falta de alma, é gente, quando ficamos só na cabeça, nossa alma se vai, ela ‘foge’ de nós, imagina ela é pura, e como ela aguenta ficar junto com uma mente danada de chata?

então tem um exercício simples, que aprendi com o Gasparetto, suba bem no alto de si mesmo quando as turbulentas águas do inferno pessoal vierem te lamber os pés...

Paz e Bem, como São Francisco de Assis falava Paz e Bem!
Deus os abençoe!

texto Solange Mazzeto
desconheço a autoria das imagens

maio 17, 2009

Drummond


[desenho de Carlos Lyra]


"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar." (Carlos Drummond de Andrade)



Refletindo em cima dessa frase de Drummond. [Solange Mazzeto]
O amor é a maior riqueza da alma
é onde nos declaramos seres reais e irreais
amar é doação
amar é beijar, quer coisa mais gostosa que beijar?
beijar na boca, na beiradinha da boca
beijar no cangote...
é caro Drummond, amar e amar e amar
e amar no mar? Delícia das delícias, a água nos corpos, a saliva umedecida pelo sal
o balançar das ondas, é de enfeitiçar, atiçar, e querer...mais e mais A M A R

Fernanda Montenegro - Bela e divina DIVA





"O ator é o demônio que dá passagem a outra entidade esquizofrênica dentro dele", ----- Fernanda Montenegro --

Dentro dessa frase, 'viajei', sou atriz, amo o teatro como um todo bem grande dentro de mim.

Teatro é a vida que nos acomete de desejos, de paixões.

É uma maneira de libertamos os demônios como diz a ilustríssima Fernanda Montenegro, de por pra fora, o lodo que todos temos na alma, no corpo, na boca, na bochecha e nas entranhas...

E também por pra fora, todo lado 'anjo', todo lado poeta, todo mel.

Ser ator é uma ato de fé, um ato de ter a liberdade de deixar escorrer a gritaria que nos devora.

Ator é um ser atormentado por idéias, fazer um 'outro', sem dar ouvidos a nosso sensor de 'não', é burilar, é renunciar, é domesticar um leão, é demasiado bom ser ator, mas é demasiado trabalhoso deixar de ser pra ser, ou ser pra deixar de ser.

Enquanto personagens, nosso lado 'eu' se aperta de um lado do cérebro, se acanha e deixa a personagem existir por si, como dona absoluta de nosso corpo, de nossa mente, e ao mesmo tempo, não entramos em transe nenhum, nossa mente se arruma loucamente pra guiar enquanto pessoa tudo, 'sabemos' tudo que ocorre a nossa volta, os suspiros, os barulhos, as interferências, registramos tudo, com uma velocidade tamanha que chega quase a ser incoerente enquanto seres humanos...

Às vezes, me pergunto, ator é ser humano? Ou somos 'bichinhos' de outro planeta?

Eu mesma não me acho muito humana, me acho meio fora de órbita, meio anormal, mas é tão bom quando ao sair do palco, na volta pra braços familiares, sabermos que somos seres humanos, que sentem tudo que qualquer outro ser humano sente, que depois de nossa 'esquizofrenia' temporária,a gente tem retorno, tem memória, tem o lado de tirar o chinelo do pé cansado e deitar no sofá da sala, sem pensar no make, sem pensar no cabelo, sem pensar em nada...

Só ser a gente, só ser gente, que se jogou num palco, e tem uma camisolinha velha e macia pra botar no corpo.

Essa amplitude que é o saudável pra o ator, porque senão a gente fica só com os pés no ar, e acha que não envelhece, e que é super herói.


texto by Solange Mazzeto
foto da Fernanda e a frase dela, você confere aqui
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u565882.shtml

Mãe-gente














Curioso como a vida se transforma, há pouco minha filha era uma criancinha, e pouco a pouco, ou rápido demais, ela se transformou em uma bela moça, de longos cabelos e com idéias firmes, idéias dela, e ideais fantásticos.

E mãe ou se molda nesse ‘transformar’, ou sai de cena, acabrunhada, triste e remoendo velhos chavões, de que: ‘filhos são ingratos’.

Eu não quis e não criei minha filha, a minha imagem e semelhança, muito pelo contrário, sempre disse a ela: filha se espelhe onde eu não erro, se espelhe onde eu não sofro, aprenda a viver antes de mais nada por você e por você, isso não é egotismo, isso é ‘se achar’ pela inteligência.

Não quis passar a ela a idéia que minha mãe passou pra mim, de heroína, o tempo todo, de forte o tempo todo, porque quando vi que minha mãe não era ‘tudo’ que ela fortemente quis passar, eu me decepcionei pacas, porque a ‘minha mãe’, não podia falhar, ela era ‘super’ não era?

Claro que superei isso [acho]. Mas lá no fundinho ainda a vejo uma mulher nordestina arretada, com uma peixeira na mão, arreganhando o mundo pra que eu e minhas irmãs pudéssemos passar pela ‘selva da vida’ sem se machucar!

Amo minha mãe, muitão mesmo! Admiro-a por ser uma vencedora no meio de tantos que não foram, é uma senhorinha linda, enxuta, que com seus 79 anos, brilha por onde passa. Acredita no ‘amanhã’, tem projetos e nisso me espelho nela, e em envergonho de muitas vezes, abaixar a cabeça porque a poeira dos dias fica muito forte.

Mas, voltando na curiosidade que é filho-mãe. A gente-mãe tem uma arrogância muito grande, a mãe-gente acha que pode salvar filho de tudo, será que temos esse poder?
Acredito que pela oração eu posso salvar minha filha de perigos, e da selva da vida, mas aí não sou eu que faço e sim o Deus da vida que faz.

Aprendi que preocupação de mãe é uma energia muito ruim, que abala o sistema do Bem.
Mas aprendi também que benção de mãe salva de um tudo nessa vida.


Texto e fotografia: Solange Mazzeto

maio 16, 2009

Divórcio



Mês de maio, mês das noivas, mês do meu divórcio.

Parece brincadeira do destino, gargalhadas dos deuses, ou uma brincadeira do demônio, quando a maioria casa eu descaso nesse mês, mês, meio que destinado as noivas, as jovens românticas que sonham com o véu, a grinalda, o vestido de noiva [quer coisa mais gostosa que vestido de noiva?], o meu foi sensacional, feito pelas lindas mãos de minha mãe e bordado com 3 mil pérolas, por mim, e com um véu de tule francês com 3 metros de comprimento e decote tomara-que caia, que quase fez minha mãe morrer, cada dia que eu chegava em casa do serviço, tinha uma manga nova pro vestido, e eu 'não mãe, não quero mangas'... e não teve mangas, casei em novembro, calor, tinha belos seios, pra que manga? pra que esconder algo lindo?, pra que ser 'igual' as moças da época que casei? Ah! não né, me poupe, pelo-amor-de-deus.

Quis ser original e fui, na época o bouque da noiva tinha que ser 'cacho de uva', e o meu foi redondo, com orquídeas, e mais umas florzinhas pequeninas e coloridinhas e com uma delicada organza bordada, no cabelo flores de seda pura que eu mesma fiz, que combinava com mais flores que foi colocado na parte lateral do vestido, um vestido maravilhoso, que não 'caiu de moda', porque de 3 modelos, fiz um, maravilhosamente original, diferente, que foi comentadíssimo durante muito tempo depois...

Mas, falando do divórcio, foi estranho assinar um papel, sem flores, sem vestido branco, sem chapéu de noiva, sem luvas ornamentando os braços, sem padrinhos sorridentes, sem mãe, sem pai, sem família, não teve bolo, nem fotos, nem o arroz jogado pra dar sorte [podia ter não é?] pro recomeço de ambos...

Mas não teve nada disso, eu fui bem vestida, mas com a sensação de medo e obrigação de 'indo pro Colégio tomar vacina'.

Coloquei um colorido vestido, mas optei por um sapato sem salto, maquiagem leve, cabelo arrumadinho, um colar, brincos, e um 'ar alegre', afinal já sabia que não tinha mais jeito de reconciliação, e nem dava mais pé, mas graças aos bons ventos, o bendito divórcio foi consensual, sem gritos, sem badernas, sem 'panelas' atiradas no 'corredor da morte'.

A escrivã, uma senhora muito elegante, perdeu a certidão do casamento [a atual, porque a antiga, não servia], e ela perdeu no cartório, uma coisa de louco, eu perguntando pro meu advogado:
---- Você já passou por isso antes?
---- Não [ele me reponde atônito]

Enfim, algo que duraria uns 15 minutos, durou 1 hora e meia, e pasmem não foi achada a certidão, então a escrivã, ligou pro cartório onde casei e consegui uma outra certidão pro dia seguinte.

Então, nos despedimos dela e eu com a pulga atrás da orelha. Meu Deus, e se some a papelada toda?

A escrivã pediu desculpas e tal, dizendo que nunca havia acontecido aquilo, mas gente, que coisa mais maluca né? Como confiar? Bom eu, meu ex- marido, as testemunhas e o advogado, não tínhamos escolha, tínhamos que confiar que as papeladas iam correr [mas tomara que não 'corressem' tanto ao ponto de não serem mais achadas]

Enfim, eu estava livre, descasada, não mais separada, e sim D I V O R C I A D A !!!

Sai do Cartório de alma leve, abri os braços pro céu e disse:

---- Estou divorciada!!! Obrigada Deus!

Sabe nunca quis casar, minha mãe ficava louca com isso, porque eu dizia que não iria casar!
Que ia ter uma filha, e não iria casar, mas casei. Teve momentos ótimos e uns não tão ótimos.

Enfim, casar é uma armadilha das boas, porque a gente acha que é um conto de fadas maravilhoso, mas não é! A chatice do dia a dia, a mesmice do cotidiano, pra mim pelo menos foi horrível.

Nasci com a alma livre demais, pra ser esposa!

Bom, a vida nos oferece escolhas, fiz as minhas, cada um fez as suas e agora é etapa nova.

Vida novinha em folha, um caderno aberto e escancarado, com folhas de papel da melhor qualidade, e o filme de minha vida passada, encerrada, com direito a the end, mas daqueles 'the end' onde o filme deixa uma sensação boa, de leveza, de grandeza, de F E L I C I D A D E.

TEXTO: Solange Mazzeto
IMAGEM: desconheço a autoria