maio 28, 2009

Sempre? Sempre



Sempre? Sempre

sempre quis uma cabana, o mar,
passarinhos ao redor
borboletas amarelas pra olhar

sempre quis um amor de verdade
daqueles que não escondem nada
e falam tudo

sempre quis uma mão que pousasse
além do meu seio
que sentisse além do anseio

sempre quis uma voz que me acalmasse
e me abrasasse
que me despisse e me cobrisse

sempre pedi a Vida
isso tudo
para sempre

mas na realidade
[que muitas vezes é tão dura]
o sempre, é só uma ilusão
...


Solange Mazzeto [texto]desconheço a autoria da imagem

maio 23, 2009

Zé Rodrix







Ontem o dia foi cinzento, estranho, com um ar de 'mofo', Zé Rodrix, se foi, partiu pra ficar junto com as grandes feras da música. Meu contanto com ele, foi de um ano e pouco, nas noites de um Clube chamado Caiubi, aqui de Sampa.

Mas, o pouco que convivi com esse artista, foi bem legal, ele é um cara genial, bem humorado, com um sorriso infantil, de criança levada.

Seu jeito de cantar, de tocar no teclado, de fazer graça era único.

Mas, enfim chegou o dia dele ir.

Sabemos que pessoas como ele, ficam eternizados, e ele agora é uma estrela que brilha no céu!

Aqui coloco umas fotos que tirei dele nesse decorrer de tempo que o via nas noites paulistanas, com os shows que fazia e que eu acompanhei!

Zé, vá bem querido pra nova etapa que o aguarda. Aqui fico na certeza de que sua alegria, brotará cada vez mais nos corações dos homens.

Solange Mazzeto [texto e fotos]

maio 21, 2009

Inferno [pessoal]



um dia atrás do outro, um passo diante do outro, e a vida vai florindo [mesmo que seja inverno, ou inferno]

temos a mania de tudo ‘pra ontem’, temos exagero no drama [pessoal]
quantas vezes, conseguimos acalmar um parceiro [a], um amigo [a] e quando precisamos dessa mesma energia para conosco, nos diluímos em lágrimas, ou em expressões chulas?
inquietante a pergunta não é?
se observarmos ‘as coisas’ não andam conforme queremos que andem
tudo tem um tempo pra ocorrer, um mistério pra acontecer, e no entanto tudo chega a ser tão simples, que fazemos confusão.

nossa alma, nossa expressão de dentro, não é a cabeça, não é o coração, não é a visão distorcida que fazemos dos fatos, nossa alma, é nobre, é linda, é pura

nossa alma captou informações preciosas para usarmos o tempo todo, e sermos felizes, mas vimos e fazemos tragédias, ‘curtimos’ dor, porque pensamos com a mente exacerbada de percepções de fora.

tanto escutamos, ‘sintam sua essência, busquem o divino em vocês’, não é?
e a gente faz isso? a gente pensa no bem quando tudo tá um caos? às vezes né, às vezes, temos essa lucidez, mas ela chega a ser momentânea, e fugaz.
somos eternos, cada qual com sua crença, mas somos eternos, isso é um fato inegável, cada vez que um cientista não consegue descobrir ‘doença’ física no ser humano, percebemos que temos alma, espírito dentro desse corpo, que adoece, por questões de cansaço, de letargia, de falta de alma, é gente, quando ficamos só na cabeça, nossa alma se vai, ela ‘foge’ de nós, imagina ela é pura, e como ela aguenta ficar junto com uma mente danada de chata?

então tem um exercício simples, que aprendi com o Gasparetto, suba bem no alto de si mesmo quando as turbulentas águas do inferno pessoal vierem te lamber os pés...

Paz e Bem, como São Francisco de Assis falava Paz e Bem!
Deus os abençoe!

texto Solange Mazzeto
desconheço a autoria das imagens

maio 17, 2009

Drummond


[desenho de Carlos Lyra]


"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar." (Carlos Drummond de Andrade)



Refletindo em cima dessa frase de Drummond. [Solange Mazzeto]
O amor é a maior riqueza da alma
é onde nos declaramos seres reais e irreais
amar é doação
amar é beijar, quer coisa mais gostosa que beijar?
beijar na boca, na beiradinha da boca
beijar no cangote...
é caro Drummond, amar e amar e amar
e amar no mar? Delícia das delícias, a água nos corpos, a saliva umedecida pelo sal
o balançar das ondas, é de enfeitiçar, atiçar, e querer...mais e mais A M A R

Fernanda Montenegro - Bela e divina DIVA





"O ator é o demônio que dá passagem a outra entidade esquizofrênica dentro dele", ----- Fernanda Montenegro --

Dentro dessa frase, 'viajei', sou atriz, amo o teatro como um todo bem grande dentro de mim.

Teatro é a vida que nos acomete de desejos, de paixões.

É uma maneira de libertamos os demônios como diz a ilustríssima Fernanda Montenegro, de por pra fora, o lodo que todos temos na alma, no corpo, na boca, na bochecha e nas entranhas...

E também por pra fora, todo lado 'anjo', todo lado poeta, todo mel.

Ser ator é uma ato de fé, um ato de ter a liberdade de deixar escorrer a gritaria que nos devora.

Ator é um ser atormentado por idéias, fazer um 'outro', sem dar ouvidos a nosso sensor de 'não', é burilar, é renunciar, é domesticar um leão, é demasiado bom ser ator, mas é demasiado trabalhoso deixar de ser pra ser, ou ser pra deixar de ser.

Enquanto personagens, nosso lado 'eu' se aperta de um lado do cérebro, se acanha e deixa a personagem existir por si, como dona absoluta de nosso corpo, de nossa mente, e ao mesmo tempo, não entramos em transe nenhum, nossa mente se arruma loucamente pra guiar enquanto pessoa tudo, 'sabemos' tudo que ocorre a nossa volta, os suspiros, os barulhos, as interferências, registramos tudo, com uma velocidade tamanha que chega quase a ser incoerente enquanto seres humanos...

Às vezes, me pergunto, ator é ser humano? Ou somos 'bichinhos' de outro planeta?

Eu mesma não me acho muito humana, me acho meio fora de órbita, meio anormal, mas é tão bom quando ao sair do palco, na volta pra braços familiares, sabermos que somos seres humanos, que sentem tudo que qualquer outro ser humano sente, que depois de nossa 'esquizofrenia' temporária,a gente tem retorno, tem memória, tem o lado de tirar o chinelo do pé cansado e deitar no sofá da sala, sem pensar no make, sem pensar no cabelo, sem pensar em nada...

Só ser a gente, só ser gente, que se jogou num palco, e tem uma camisolinha velha e macia pra botar no corpo.

Essa amplitude que é o saudável pra o ator, porque senão a gente fica só com os pés no ar, e acha que não envelhece, e que é super herói.


texto by Solange Mazzeto
foto da Fernanda e a frase dela, você confere aqui
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u565882.shtml

Mãe-gente














Curioso como a vida se transforma, há pouco minha filha era uma criancinha, e pouco a pouco, ou rápido demais, ela se transformou em uma bela moça, de longos cabelos e com idéias firmes, idéias dela, e ideais fantásticos.

E mãe ou se molda nesse ‘transformar’, ou sai de cena, acabrunhada, triste e remoendo velhos chavões, de que: ‘filhos são ingratos’.

Eu não quis e não criei minha filha, a minha imagem e semelhança, muito pelo contrário, sempre disse a ela: filha se espelhe onde eu não erro, se espelhe onde eu não sofro, aprenda a viver antes de mais nada por você e por você, isso não é egotismo, isso é ‘se achar’ pela inteligência.

Não quis passar a ela a idéia que minha mãe passou pra mim, de heroína, o tempo todo, de forte o tempo todo, porque quando vi que minha mãe não era ‘tudo’ que ela fortemente quis passar, eu me decepcionei pacas, porque a ‘minha mãe’, não podia falhar, ela era ‘super’ não era?

Claro que superei isso [acho]. Mas lá no fundinho ainda a vejo uma mulher nordestina arretada, com uma peixeira na mão, arreganhando o mundo pra que eu e minhas irmãs pudéssemos passar pela ‘selva da vida’ sem se machucar!

Amo minha mãe, muitão mesmo! Admiro-a por ser uma vencedora no meio de tantos que não foram, é uma senhorinha linda, enxuta, que com seus 79 anos, brilha por onde passa. Acredita no ‘amanhã’, tem projetos e nisso me espelho nela, e em envergonho de muitas vezes, abaixar a cabeça porque a poeira dos dias fica muito forte.

Mas, voltando na curiosidade que é filho-mãe. A gente-mãe tem uma arrogância muito grande, a mãe-gente acha que pode salvar filho de tudo, será que temos esse poder?
Acredito que pela oração eu posso salvar minha filha de perigos, e da selva da vida, mas aí não sou eu que faço e sim o Deus da vida que faz.

Aprendi que preocupação de mãe é uma energia muito ruim, que abala o sistema do Bem.
Mas aprendi também que benção de mãe salva de um tudo nessa vida.


Texto e fotografia: Solange Mazzeto

maio 16, 2009

Divórcio



Mês de maio, mês das noivas, mês do meu divórcio.

Parece brincadeira do destino, gargalhadas dos deuses, ou uma brincadeira do demônio, quando a maioria casa eu descaso nesse mês, mês, meio que destinado as noivas, as jovens românticas que sonham com o véu, a grinalda, o vestido de noiva [quer coisa mais gostosa que vestido de noiva?], o meu foi sensacional, feito pelas lindas mãos de minha mãe e bordado com 3 mil pérolas, por mim, e com um véu de tule francês com 3 metros de comprimento e decote tomara-que caia, que quase fez minha mãe morrer, cada dia que eu chegava em casa do serviço, tinha uma manga nova pro vestido, e eu 'não mãe, não quero mangas'... e não teve mangas, casei em novembro, calor, tinha belos seios, pra que manga? pra que esconder algo lindo?, pra que ser 'igual' as moças da época que casei? Ah! não né, me poupe, pelo-amor-de-deus.

Quis ser original e fui, na época o bouque da noiva tinha que ser 'cacho de uva', e o meu foi redondo, com orquídeas, e mais umas florzinhas pequeninas e coloridinhas e com uma delicada organza bordada, no cabelo flores de seda pura que eu mesma fiz, que combinava com mais flores que foi colocado na parte lateral do vestido, um vestido maravilhoso, que não 'caiu de moda', porque de 3 modelos, fiz um, maravilhosamente original, diferente, que foi comentadíssimo durante muito tempo depois...

Mas, falando do divórcio, foi estranho assinar um papel, sem flores, sem vestido branco, sem chapéu de noiva, sem luvas ornamentando os braços, sem padrinhos sorridentes, sem mãe, sem pai, sem família, não teve bolo, nem fotos, nem o arroz jogado pra dar sorte [podia ter não é?] pro recomeço de ambos...

Mas não teve nada disso, eu fui bem vestida, mas com a sensação de medo e obrigação de 'indo pro Colégio tomar vacina'.

Coloquei um colorido vestido, mas optei por um sapato sem salto, maquiagem leve, cabelo arrumadinho, um colar, brincos, e um 'ar alegre', afinal já sabia que não tinha mais jeito de reconciliação, e nem dava mais pé, mas graças aos bons ventos, o bendito divórcio foi consensual, sem gritos, sem badernas, sem 'panelas' atiradas no 'corredor da morte'.

A escrivã, uma senhora muito elegante, perdeu a certidão do casamento [a atual, porque a antiga, não servia], e ela perdeu no cartório, uma coisa de louco, eu perguntando pro meu advogado:
---- Você já passou por isso antes?
---- Não [ele me reponde atônito]

Enfim, algo que duraria uns 15 minutos, durou 1 hora e meia, e pasmem não foi achada a certidão, então a escrivã, ligou pro cartório onde casei e consegui uma outra certidão pro dia seguinte.

Então, nos despedimos dela e eu com a pulga atrás da orelha. Meu Deus, e se some a papelada toda?

A escrivã pediu desculpas e tal, dizendo que nunca havia acontecido aquilo, mas gente, que coisa mais maluca né? Como confiar? Bom eu, meu ex- marido, as testemunhas e o advogado, não tínhamos escolha, tínhamos que confiar que as papeladas iam correr [mas tomara que não 'corressem' tanto ao ponto de não serem mais achadas]

Enfim, eu estava livre, descasada, não mais separada, e sim D I V O R C I A D A !!!

Sai do Cartório de alma leve, abri os braços pro céu e disse:

---- Estou divorciada!!! Obrigada Deus!

Sabe nunca quis casar, minha mãe ficava louca com isso, porque eu dizia que não iria casar!
Que ia ter uma filha, e não iria casar, mas casei. Teve momentos ótimos e uns não tão ótimos.

Enfim, casar é uma armadilha das boas, porque a gente acha que é um conto de fadas maravilhoso, mas não é! A chatice do dia a dia, a mesmice do cotidiano, pra mim pelo menos foi horrível.

Nasci com a alma livre demais, pra ser esposa!

Bom, a vida nos oferece escolhas, fiz as minhas, cada um fez as suas e agora é etapa nova.

Vida novinha em folha, um caderno aberto e escancarado, com folhas de papel da melhor qualidade, e o filme de minha vida passada, encerrada, com direito a the end, mas daqueles 'the end' onde o filme deixa uma sensação boa, de leveza, de grandeza, de F E L I C I D A D E.

TEXTO: Solange Mazzeto
IMAGEM: desconheço a autoria