março 02, 2011

Pedindo e despedindo





A manhã estava cinzenta num começo do mês de março, meu cérebro parecia inchado, eu não sentia a fome costumeira do acordar.

Sentia o ladrilho frio nos pés e minha alma parecia estar gelada e paralisada.

Minha boca flutuava em pedir e despedir, o céu da boca estava sem gosto, sem sal e a saliva de meus lábios secava vertiginosamente.

Meu anseio desaparecia, a gota do cheiro morria.

O vermelho de minha vida sumia numa escala de tom rosa desbotado.

O tom adorado de lavanda esmorecia e eu sentia o breu cada vez mais sufocante, e isso acelerava minhas batidas cardíacas.

Sentia um gosto estranho derretendo e escorrendo, era amargo e escorria de meus olhos já sem alegria, mas isso não podia ser meu, eu não mais queria, essa angustia de vida, esse desamor, essa insanidade me adoecia, o violáceo laço se rompia, já era tempo de recomeçar, já estava no tempo de respirar e colher o que semeara. Jazia o réptil, morria a isca e o dólar apodrecia.

A luz intensa e prateada rompia a barreira de dor e aprisionava as tropas da escuridão.

Meu ser respirava melhor, ainda sofria, mas abraçando a dor, sorria.


TEXTO: Solange Mazzeto
DESCONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM

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